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Lavar a roupa suja com o PT. Essa foi a intenção do PSDB na insistência de instalar a CPI da Petrobras no Senado. Com o apoio de governadores insatisfeitos (José Serra) com o Palácio do Planalto, os tucanos abraçaram a ideia da comissão para desagravar os petistas. O motivo da panelinha é símples. O PT apresentou um pedido de CPI na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul a fim de apurar denúncias de caixa 2 na campanha da governadora tucana Yeda Crusius. Além disso, agiram para pressionar o governo a compensar os estados pela redução nos repasses da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), reivindicação que tem como porta-voz o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, um dos pré-candidatos do PSDB à Presidência da República.
Deu no Correio. “Uma das razões para a CPI da Petrobras foi, tranquilamente, a tunga de milhões no Aécio”, disse o senador Arthur Virgílio (AM), líder da bancada tucana no Senado. Segundo Virgílio, a queda na transferência da contribuição para Minas Gerais foi fundamental, por exemplo, para o colega Eduardo Azeredo (MG) cerrar fileiras em favor da comissão. “Tem alguém insatisfeito. Só isso justifica uma CPI contra a maior empresa brasileira”, diz um ministro.
O problema para o governo é que o coro dos descontentes não está restrito aos oposicionistas. Deputados e senadores do PMDB, que logo apunhalará uma faca nas costas do PT, estão em pé de guerra com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, devido às demissões de afilhados do partido na Infraero. Também reclamam das negociações em curso com o PT sobre eventual aliança em 2010.
Para os azuis (PMDB), os estrelas-vermelha não estão abrindo mão das candidaturas nos estados, como determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. na Câmara, quando José Múcio Monteiro, operava a fim de impedir a instalação da CPI, o líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), cumpria agenda em seu estado. Na verdade, o PMDB saiu de cena desde a véspera, quando foi selado o acordo que adiaria a leitura do requerimento da CPI. A ausência de Jucá chamou a atenção porque é notória a falta de trânsito de Múcio para negociar com os senadores.
Conforme antecipado pelo Correio, o governo acusará a oposição de agir contra os interesses do país ao trabalhar pela CPI da Petrobras. Ontem, antes de embarcar para uma viagem ao exterior e deixar a presidência interina com o vice José Alencar, Lula iniciou a ofensiva pública contra os tucanos. “Não é uma CPI do Congresso, é uma CPI muito mais do PSDB. Acho estranho que um partido que já governou este país por oito anos e tem governadores nos estados mais importantes tome uma atitude irresponsável como essa. Irresponsável porque parece briga de adolescente”, disse o presidente.
O Bobo
No Senado, Virgílio se encarregou de rebater as críticas de Lula. E chegou a comparar o presidente, a quem classificou de “autoritário”, com a ditadura. “Ele imita os governos militares. Ele usa frases do (Ernesto) Geisel, do (Emílio Garrastazu) Médici.” O líder tucano disse ainda que “irresponsável é a forma como está se gerindo a Petrobras. Irresponsável é ter medo de investigar a empresa. O presidente é autoritário e precisa aprender a conviver com a diversidade”. A Petrobras é responsável pela maior fatia de investimento público no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e será protagonista na exploração do petróleo descoberto na camada do pré-sal.
Na visita à China na próxima semana, a Petrobras deve fechar um contrato de US$ 10 bilhões com os asiáticos. Em linha com o presidente Lula, Dilma disse que a investigação parlamentar pode prejudicar os investimentos da empresa e até o combate à pobreza no país. “Se você é um investidor, o que acha de uma empresa na CPI?”, perguntou a ministra. “A Petrobras, para nós, pode ser um instrumento de combate à pobreza, porque acabamos de descobrir a camada de exploração do pré-sal. Vamos acabar de qualquer jeito com a pobreza, e o petróleo pode antecipar isso”, acrescentou.
E no mercado financeiro, a reação foi negativa para variar. As ações da companhia puxaram para baixo a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
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