segunda-feira, 28 de abril de 2008

Debate sobre Cidadãos Jornalistas


Bem, está a decorrer no site do The Guardian um interessante debate entre Jeff Jarvis e Michael Tomasky sobre se os novos “cidadãos-jornalistas” devem ter as responsabilidades dos jornalistas ou os direitos dos cidadãos.

Uma entrevista no site da Público, Jeff Jarvis fala sobre o cidadão jornalista. Acesse o link:
Jeff Jarvis: No jornalismo, as boas ideias são do público

quarta-feira, 23 de abril de 2008

A arte do fato

Fonte: Blog de Daniel Piza

Em tempos de imprensa fofoqueira e leviana, nada melhor do que ler os maiores jornalistas da história. A editora José Olympio acaba de publicar no Brasil O Grande Livro do Jornalismo, editado por Jon E. Lewis (tradução de Marcos Santarrita), com o que chama de "55 obras-primas dos melhores escritores e jornalistas". Com exceção de Charles Dickens (sobre uma decapitação em Roma em 1845), Winston Churchill (sobre sua fuga da guerra na África do Sul em 1899) e alguns outros eleitos como precursores, além do hors-concours George Orwell (trecho de The Road to Wigan Pier), os textos são quase todos de jornalistas americanos. Conheço antologias melhores, como The Art of Fact (editado por Ben Yagoda, 1998), mas em português, não.

Há famosos como Jack London testemunhando o terremoto de São Francisco, John Reed cobrindo a Revolução Russa, John Hersey visitando Hiroshima um ano depois da bomba, John dos Passos na Marcha da Fome de 1931, William Shirer sobre a rendição francesa aos nazistas, Seymour Hersh revelando o massacre de My Lai e Hunter Thompson na Convenção Republicana de 1972. Mais importante, há desde crítica literária (Dorothy Parker defendendo os contos de Hemingway) até textos sobre esportes (Jonathan Mitchell sobre o boxeador Joe Louis) e relatos pessoais de viagem (Jon Krakauer e sua escalada), além de artigos e miniensaios (Norman Mailer sobre Bob Kennedy).

Isso tudo contrasta com o que ainda se pensa no Brasil sobre o que é ou não jornalismo. Há vários tipos de reportagem, das mais diretas às mais interpretativas, e jornalismo de opinião é, claro, jornalismo. O volume também serve para lembrar como o jornalismo pode ser instrumento e experiência para escritores de ficção. Além de Dickens, London, Dos Passos e Mailer, estão ali Stephen Crane, John Steinbeck, Gore Vidal e outros. E entre os grandes jornalistas vivos, além de Hersh, o destaque é para Robert Fisk, único com dois textos (massacre de palestinos em 1982 e invasão do Iraque em 2003). Bom jornalismo faz história e sobrevive em qualquer suporte.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Fotógrafo brasileiro cria banco de imagens que refletem a paz na Web

Participe também


Um banco de imagens on-line apenas com fotos que transmitam ideais positivos é o mote do projeto "Imagens da Paz" (www.imagensdapaz.org.br), idealizado pelo fotógrafo Eduardo Barcellos e lançado oficialmente nesta última sexta-feira (18).

"O objetivo mais amplo do 'Imagens da Paz' é incentivar as pessoas a mudar a visão de mundo que elas têm", diz Barcellos, que reconhece ser difícil definir o que é uma "imagem positiva". "Queremos fazer debates a fim de formatar melhor o conceito, mas não acredito que a gente consiga chegar a um consenso sobre isso, é algo bastante subjetivo", opina.As fotografias do banco de imagens podem ser usadas gratuitamente por campanhas e ações promovidas por Organização Não-Governamentais (ONGs) e entidades sem fins lucrativos que tenham os mesmos ideais do projeto.

Segundo o fotógrafo, desde 2002 há a vontade de realizar o "Imagens da Paz", porém foram necessários alguns anos para conseguir colocá-lo em prática. Hoje, o projeto tem entre seus principais apoiadores a Organização Brahma Kumaris - ONG espiritual criada na Índia e ligada à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) - e a agência Sambaphoto, que abriga o banco de imagens.

Inspirado em um projeto desenvolvido em Nova York chamado Imagens e Vozes da Esperança (www.ivofhope.org), até o momento o "Imagens da Paz" reúne fotógrafos profissionais como Cristiano Mascaro, Cássio Vasconcellos e Gal Oppido, mas Barcellos avisa que todos podem participar. "Basta que a fotografia seja coerente com o ideal do projeto e tenha qualidade técnica", explica.


Para ver mais fotos do projeto, selecione o link "Imagens da Paz" na área "Links Indicados" neste Blog.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Exposição Magnum, 60 anos.

Confira pelo link a exposição da Caixa:
http://www.caixacultural.com.br/html/main.aspx?idPrograma=403

Visitas marcadas pelo telefone (61)3206-9752

terça-feira, 15 de abril de 2008

Atividade especial - Rose May

 

Para a atividade de hoje (15/04).

Sobre o Lançamento de hoje, todos devem pesquisar:

1)Qual é a relevância do fotojornalista Luis Humberto em Brasília? Pesquise.

2)Em quais fotógrafos ele se inspirou ao longo da sua carreira? Por quê?

3)Caso ele tivesse que dar um conselho para um fotógrafo iniciante, qual seria?

4)Por que Brasília pode ser considerada uma cidade fotogênica?

5)Faça 10 fotos sobre Brasília sendo que duas delas devem ser embasadas em fotos do Luis Humberto.

Atividade Extra-classe

A Luz e a Fúria - Luis Humberto.

Local: Fenac - Parkshopping

Lançamento no dia 15 de abril, terça-feira, às 19h00, na FNAC, ParkShopping. Na ocasião, o fotógrafo comentará suas imagens, projetadas em telão. Uma oportunidade para que o público conheça parte da produção do artista sobre o poder, Brasília e o cerrado.

Dedicado ao fotógrafo que mudou a paisagem da cidade, terceiro volume traz antologia e fotos inéditas dos primeiros anos de
Brasília

Um presente de aniversário para Brasília: no dia 15 de abril será lançado o terceiro volume da coleção *Brasilienses*. Escrito pela jornalista Nahima Maciel, *Luis Humberto – A luz e a fúria* traça o perfil do fotógrafo e arquiteto carioca que reside em Brasília desde os primeiros anos da cidade. Luis Humberto tornou-se um dos mais respeitados profissionais da fotografia brasileira. Ele fez de Brasília tema e cenário para suas imagens, revelando muitas faces da identidade cultural da capital.

No primeiro livro da coleção, *Nicolas Behr – eu engoli brasília* (2004),  o poeta foi perfilado por Carlos Marcelo. No segundo, *Roberto Corrêa –* *Caipira
extremoso* (2006), Sérgio de Sá escreveu sobre o violeiro. Um dos objetivos da coleção é levar o leitor para dentro da alma da cidade, com inventividade
e ousadia. Mais uma vez, o ParkShopping, parceiro desde o primeiro número, é o patrocinador exclusivo de *Luis Humberto – A luz e a fúria*.

Além do perfil e de uma entrevista detalhada, assinada por Nahima Maciel e Carlos Marcelo, o livro apresenta ensaio fotográfico em preto e branco de autoria de Anderson Schneider, realizado na Universidade de Brasília. Traz ainda textos exclusivos produzidos por profissionais ligados às artes visuais brasileiras. A crítica de fotografia Simonetta Persichetti e o fotógrafo e professor da UnB Marcelo Feijó assinam ensaios teóricos sobre a produção fotográfica de Luis Humberto. Na orelha do volume, o cineasta Jorge
Bodanzky (*Iracema, uma transa amazônica*), ex-aluno da UnB, fala com lucidez e carinho sobre o professor que se tornou referência na defesa da
utopia original brasiliense. O arquiteto José Carlos Coutinho assina a apresentação do livro.

A edição contempla o leitor com 30 fotos inéditas de Luis Humberto. Realizadas entre 1970 e 1975, as fotografias mostram uma visão singular e poética das quatro escalas previstas por Lucio Costa para a capital:
monumental, gregária, bucólica e residencial. O livro também apresenta uma antologia das imagens mais representativas dos tempos de cobertura política
nos anos 1970, quando Luis Humberto fez história no fotojornalismo brasileiro ao expor o lado patético da liturgia do poder. O livro revela ainda a faceta de poeta – desconhecida pelo público – do fotógrafo, com a publicação de poemas inéditos.

No perfil, Nahima Maciel destaca Luis Humberto como figura que perpassa a história em todos os sentidos – político, cultural e do pensamento –, e também como personalidade de caráter veemente e instigante, que ama Brasília e critica com rigor os abusos que ela sofre. "Luis Humberto é um arquivo vivo do que é essa cidade", afirma ela.

Carioca, nascido em 1934, formado em Arquitetura, Luis Humberto veio para Brasília em 1961, onde descobriu a arte de fotografar. Ele começou sua
trajetória fotográfica junto com o início da cidade, e assim registrou momentos marcantes da história, como a arquitetura da então Cidade Livre (hoje Núcleo Bandeirante), a agitação da W3 Sul, o enterro de Juscelino Kubitschek e o movimento Diretas Já. Também enquadrou políticos, quase sempre com um olhar irônico e provocador. E fez da própria família tema especial para suas lentes.

Um dos fundadores da Universidade de Brasília, onde foi professor na Faculdade de Comunicação, ele é um dos pioneiros na reflexão sobre a linguagem fotográfica no Brasil, com livros e ensaios sobre o tema. Em sua
opinião, "Brasília ainda não está completamente explorada, a fotografia ainda se surpreende com a cidade".

sábado, 12 de abril de 2008

“IstoÉ” manipula foto para proteger Serra

Imagem de protesto do MST e do MAB contra a privatização da Cesp trazia a inscrição “Fora Serra”, que sumiu da foto publicada pela revista

07/04/2008

Marcelo Netto Rodrigues e
Renato Godoy de Toledo

da Redação

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A revista IstoÉ desta semana mostra – para poucos – que a campanha eleitoral já começou e de que lado está. Para proteger o PSDB e o governador de São Paulo, José Serra, a publicação, contrariando todas as regras do jornalismo, apagou a inscrição “Fora Serra” de uma foto feita durante um protesto do MST e do MAB contra a privatização da Cesp.

Mais que isso, o resultado visual inverte o significado da imagem que traz uma placa de trânsito “Pare”, como se quem devessem parar fossem os movimentos, e não as privatizações.

A adulteração de uma foto – passível de processo pelo detentor de seus direitos autorais, no caso a Folha de São Paulo – é plenamente possível hoje em dia com o uso de um programa para tratamento de imagens, como o Photoshop por exemplo, mas é prática condenada no meio jornalístico. O fato escancara o poder de influência camuflada que os meios de comunicação de massa tem para atuar como o que vem sendo chamado de “Partido da Mídia” (PM).

A foto adulterada, de autoria do fotógrafo Cristiano Machado, ilustra a matéria “ O MST contra o desenvolvimento” e mostra integrantes de movimentos sociais bloqueando a rodovia Arlindo Bétio, que liga São Paulo a Mato Grosso do Sul e Paraná, em protesto contra a privatização da Cesp (Companhia Energética de São Paulo), no dia 24 de março (leia reportagem).

A legenda diz “A exemplo do que ocorreu em São Paulo, em protesto contra a privatização da Cesp, os sem-terra prometem parar estradas em todo o país nos próximos dias”.

A reportagem assinada por Octávio Costa e Sérgio Pardellas criminaliza os movimentos sociais sustentando que “os sem-terra ameaçam empresas e investimentos que geram empregos e qualidade de vida”, sem mencionar que a Aracruz Celulose, a Monsanto, a Cargill, a Bunge e a Vale – citadas pela matéria como exemplos de empresas prejudicadas – respondem a acusações de destruição do meio ambiente, desrespeito aos direitos de povos tradicionais, como quilombolas e indígenas, e exploração de trabalhadores.  A matéria tenta desautorizar o MST como um ator político que vá além da luta pela reforma agrária. Diz que “desde 2006, o MST lidera ataques à globalização, ao neoliberalismo e às privatizações – algo que nada tem a ver com a sua luta original”.

Nada é por acaso

A editora Três, que publica a revista IstoÉ, é controlada pelo acionista majoritário do banco Opportunity, Daniel Dantas. O banqueiro tem ligações com fundos de pensões, além de uma participação ativa no processo de privatizações de estatais sobretudo durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.  Em 2007, Dantas superou a concorrência da Rede Record e comprou 51% das ações da editora Três, que estava à beira da falência.

O banqueiro tem uma trajetória de proximidade com outros partidos de direita como o DEM, sobretudo com o falecido político baiano Antonio Carlos Magalhães. Também foi sócio do publicitário tucano Nizan Guanaes. Por diversas vezes, foi alvo de investigações e respondeu a crimes como espionagem e formação de quadrilha. Quando estava à frente da Brasil Telecom, foi acusado de contratar a empresa Kroll para espionar a Telecom Italia.

Juiz condena revista 'Veja' a indenizar deputado petista

A  revista Veja foi condenada a reparar o deputado federal Carlos Abicalil (PT-MT) por danos morais. Foi o que deliberou o juiz de Primeira Instância da Comarca do Distrito Federal, Carlos Alberto Martins Filho.
A sentença favorável ao parlamentar foi publicada na última quarta-feira (9). Segundo o magistrado, Veja denegriu a imagem pública do deputado com informações levianas e injuriosas a respeito dele no texto "Não li e não gostei", na edição da revista de 11 de janeiro de 2006.

De acordo com o juiz, a Veja e o jornalista, autor da matéria, extrapolaram no direito de informar e noticiar fatos. "Não se limitaram à conduta marcada pela vontade de narrar", diz trecho da sentença. "Mas quiserem ofender."

"Ao noticiarem os fatos, com o uso de expressões injuriosas, fez a reportagem trabalho com menções e chamadas marcadas pela distorção", prossegue o despacho. "Nesse sentido, o que se percebe é que a liberdade de expressão e de comunicação caminha juntamente com o direito de ter as pessoas atingidas pelo trabalho jornalístico, de uma forma ou de outra, o acesso à notícia real, verdadeira e sem ser ofensiva ou lesiva."

Pela decisão do juiz, a revista terá que pagar indenização ao parlamentar, além de publicar a sentença na íntegra, quando transitada em julgado (decisão final). Caso haja recurso, o processo seguirá para o Tribunal de Justiça do Distrito Federal, onde será julgado em Segunda Instância.

Uma empresa injuriosa

A sentença contra Veja é mais um episódio de desmoralização da revista e da Editora Abril. Para a empresa, segundo o jornalista Luis Nassif, "o preço da injúria é, atualmente, de R$ 8,2 milhões que estão provisionados para o pagamento de ações cíveis de indenização por danos morais e/ou materiais decorrentes de matérias publicadas".

Na opinião de Nassif, mais de 90% dessas perdas se devem à Veja. O número não está disponível porque, segundo o jornalista, a Abril não informa "o que é passivo gerado pelas campanhas de Veja e o que é das demais publicações".

Nassif agrega: "Segundo o balanço da companhia, não há nenhum processo individual de valor relevante. Se não há, supõe-se que são inúmeros os processos abertos por calúnia, injúria e difamação".

Da Redação, com agências e Luis Nassif Online

quarta-feira, 9 de abril de 2008

'O bom jornalista nunca está completo', diz Miriam Leitão durante entrevista para a seção 'Voz da Experiência'

RIO - Ela circula entre presidentes, ministros, altos executivos. Viaja constantemente pelo país e para o exterior e não sai da ponte aérea Rio-Brasília. Visto assim, à distância, o cotidiano da jornalista Miriam Leitão parece ser puro glamour. Mas é feito de suor, estudo e disciplina, como ela conta na primeira entrevista da nova seção "Voz da Experiência", uma parceria da revista Megazine com O GLOBO ONLINE. A cada 15 dias, um profissional renomado de uma área diferente vai responder às dúvidas dos leitores sobre as carreiras. Eventualmente, o entrevistado pode ir além das perguntas.... - Ninguém perguntou isso, mas queria deixar aqui um recado para quem pretende seguir a profissão de jornalista: leia sempre, todos os dias. Leia notícia, romance, leia poesia. É fundamental - aconselha a craque, que assina a coluna "Panorama Econômico", diariamente, no GLOBO.Dentro de duas semanas, o tema da seção "Voz da Experiência" será medicina.

( Ouça aqui mais respostas da jornalista )

Um bom jornalista é completo quando tem que características? (Isaque Vieira de Moraes)

MIRIAM LEITÃO: Isaque, um bom jornalista é completo justamente quando ele tem sempre em mente que nunca está completo. Um bom jornalista tem que estar constantemente em busca de novas informações, novos aprendizados, novas fronteiras. Ou seja, é buscar uma vida inteira e nunca estar completamente satisfeito.

Devemos escolher a carreira pelo prazer ou pela recompensa financeira? (Marcela Gonçalves Pavam)

MIRIAM: Se for possível conciliar, Marcela, ótimo. Se não, tem que ser pelo prazer, porque é isso que pode lhe dar a chance de ganhar um bom dinheiro, ao se dedicar ao seu ofício com afinco. Nos tempos de hoje, as profissões mudam bastante, e, além disso, as pessoas mudam de profissão ao longo da vida várias vezes. Ou seja, uma profissão que traz recompensa financeira hoje pode não trazer amanhã, e vice-versa. No meu caso, por exemplo, sempre fiz jornalismo, mas o jornalismo vem mudando com muita freqüência, assim tenho sempre a sensação de estar numa profissão nova. Minha escolha, feita pelo prazer, acabou sendo excelente.

O que fazer, caso você fique sem poder exercer sua profissão com plena liberdade? Temos visto tentativas em países como Venezuela, Nicarágua, Equador, Bolívia e até Brasil de cerceamento da liberdade da imprensa. (Marcelo Pereira Lopes)

MIRIAM: Entrei no jornalismo numa época em que não havia a menor liberdade e exerci por muito tempo meu trabalho sem conhecer o que era essa liberdade. Porém, em situações assim, a gente sempre encontra um jeito de dizer o que tem que ser dito e formas de resistir. Se limitações existem, o que não podemos é aceitá-las facilmente. É preciso resistir sempre.

Como é o dia-a-dia no trabalho de um jornalista? (Clarice Machado de Souza e Priscilla da Silva Daumas)

MIRIAM: O dia-a-dia do jornalista é sempre a falta de rotina. É uma surpresa constante, pois sua função vai da pauta, de onde você está ou mesmo de coisas menos palpáveis, como a sorte. Não há uma resposta única para esta pergunta. Se a pergunta é como é o meu dia-a-dia, não queiram saber. Só posso dar uma palavra: intenso.

De onde veio o gosto pela economia? Você tem alguma formação na área? (Rogerio Cipriani)

MIRIAM: Não sei muito bem de onde veio o meu gosto pela economia, acho que ele foi surgindo porque, por um longo período da minha vida profissional, o maior desafio do país era combater a inflação. A pauta econômica ficou muito mais interessante, e eu me sentia útil ajudando o país a entender as confusões econômicas. Mas hoje, embora eu permaneça na janela econômica, tenho incluído cada vez mais assuntos na minha pauta. Temas como as questões racial e ambiental, o combate à pobreza e à corrupção estão na minha lista de preocupações. Ah, sobre a formação, não tenho especificamente diploma de economia, mas estudei e estudo o assunto sem parar.

Por que a carreira de jornalista tem como pré-requisito o diploma de jornalismo? Na sua visão, até que ponto a faculdade de jornalismo é importante para um futuro sucesso profissional? (Marcelo Thompson e Ralph Guichard)

MIRIAM: Não acho que a carreira de jornalista deveria ter como pré-requisito o diploma de jornalismo. Aprendi muito pouco jornalismo na faculdade. De qualquer forma, acho necessário, sim, que se faça algum curso superior; existem vários cursos que nos ajudam a exercer a profissão. O que é preciso, sem dúvida, é ter disposição para estudar ao longo de toda a vida.

Gostaria de saber como você construiu sua habilidade em língua inglesa e a importância do conhecimento do idioma na sua profissão. (Helga Maria Saboia Bezerra)

MIRIAM: Helga, a importância de saber esse idioma é total e só tem aumentado com a internet. Não dá para fazer jornalismo sem conhecimento de inglês. Aprendi tarde. Na minha geração, isso não era uma preocupação como é hoje. Mantenho a habilidade lendo sempre, ouvindo sempre.

Quais são as suas dicas para quem faz, como eu, jornalismo e quer se especializar em economia? O que pode ser mais interessante: buscar um MBA ou fazer faculdade de economia depois de formada? Quais as possibilidades de mercado? Paga mais? (Precyla Vieira Eller)

MIRIAM: De fato o jornalista de economia continua sendo um profissional muito disputado. Dependendo de onde se trabalhe, é a editoria com maiores salários, em média. Fazer MBA, mestrado ou mesmo a graduação em economia é escolha de cada um. No entanto, faça o que o que fizer, não deixe de estudar constantemente, mesmo que seja sozinha. Tem que ler o que está acontecendo neste momento na economia. É preciso aproveitar o contato com cada economista para aumentar o conhecimento técnico. Mas uma dica: é sempre bom ter em mente que jornalista é jornalista, economista é economista, e o nosso papel é falar claro. Sobre outras áreas, acho que há oportunidades se abrindo e que terão mais demanda no futuro, como ciência e meio ambiente.

Quando você entrevista em particular uma pessoa importante, e ela responde em 'off', mas a resposta é um assunto que pode prejudicar milhares de pessoas, o que você faz? Fica com o segredo sabendo do dano que causará ou denuncia e quebra o "off"? Até onde o "off" pode ser respeitado? (Pedro Paulo de Lima-e-Silva)

MIRIAM: Se você se compromete a respeitar o off, tem de fazê-lo, mas é preciso saber o limite. Por exemplo, não se vai pedir informação ou aceitar um off de bandido. Não se pode fazer isso com uma informação que vá prejudicar as pessoas. Existem milhões de situações, é difícil falar hipoteticamente. Mas, no limite, seu compromisso é com o seu leitor; sempre.

Onde você estudou jornalismo? (Denilson Reis de Castro)

MIRIAM: Comecei no Espírito Santo e depois fui para Brasília. Mas acho que aprendi jornalismo, mesmo, nas redações, com os colegas. Tem uma coisa legal no jornalismo, que não se encontra sempre: um colega mais velho, preocupado, que se dispõe a ensinar. Esse lado cooperativo, embora nem sempre aconteça, é uma das coisas mais agradáveis da profissão. Nesse aspecto, tive muito sorte na minha vida; sempre houve muita gente com coisas a me ensinar. Assim, eu tento retribuir sempre isso aos mais jovens.

A profissão de repórter tem se tornado cada vez mais perigosa nos grandes centros urbanos. Você acha que esse tema deve ser debatido nas universidades? (Evandro Maia)

MIRIAM: Esse tema precisa realmente ser debatido nas universidades e nas redações. A minha geração enfrentou os riscos da ditadura. Agora, o risco é a violência. O problema é que, se o jornalismo não souber enfrentar esse desafio, ele pode se acovardar, e isso pode comprometer a qualidade do trabalho. O equilíbrio entre a segurança física do repórter e o dever de informar tem que ser avaliado caso a caso. Hoje já existem jornalistas se preparando para cobrir uma situação de conflito armado.

Com o avanço da internet, já há muitas pessoas que preferem saber dos acontecimentos do mundo em blogs. É possível que daqui a cinco ou dez anos jornais e revistas estejam obsoletos? Se sim, como fica o mercado de trabalho? (Caroline da Silva Soares)

MIRIAM:O jornalismo nunca vai ser obsoleto. As plataformas é que mudam. Uma coisa interessante é que se achava que a TV acabaria com o rádio; e ambos, com o jornal. Agora, falam que a internet vai acabar com o jornal, mas isso não está acontecendo. As mídias se somam e se reinventam. Quando trabalhei em rádio, há 30 anos, nunca imaginaria algo tão revolucionário como uma rádio só de notícia, como a CBN. Tudo isso vai continuar mudando. Os próximos anos serão desafiadores e interessantes.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

União paga R$ 12,28 milhões em indenizações retroativas a jornalistas anistiados

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
 
Brasília - Vinte jornalistas que sofreram perseguição política entre 1964 e 1988 e que serão indenizados pelo governo vão receber pensões mensais, quase todas acima de R$ 4 mil, e retroativas, que chegam a um total de R$ 12,28 milhões. Os nomes foram divulgados nessa sexta-feira (4), durante cerimônia comemorativa dos 100 anos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro.
 
Os maiores beneficiados serão Ziraldo Alves Pinto e Sérgio de Magalhães Gomes Jaquaribe (Jaguar). Cada um vai receber R$ 1,253 milhão retroativo mais pensão mensal de R$ 4.365,88. Este será o valor da maioria das pensões.

De acordo com o ministro da Justiça, Tarso Genro, o projeto Caravana da Anistia, lançado ontem, vai percorrer todos os estados e países vizinhos até 2010. Realizará seminários culturais, arrecadação de documentos e sessões de julgamento, a exemplo da que foi feita na ABI. As próximas caravanas estão agendadas para o dia 15 deste mês, em São Paulo, e os dias 25 e 26, também deste mês, em São Domingos do Araguaia, no Pará.

O objetivo da Caravana da Anistia é contribuir para o resgate, debate e reflexão da história do país, além de tornar a atuação da comissão mais transparente.

A seguir, os outros 18 nomes dos jornalistas anistiados, com os respectivos valores das pensões mensais e ganhos retroativos:
- George de Barros Cabral, R$ 4.365,88 e R$ 944,679 mil
- Nilson Nobre de Almeida, R$ 4,365,88 e R$ 911,204 mil
- Joana D'Arc Bizzoto Lopes, R$ 4.592,00 e R$ R$ 870 mil
- Carlos Guilherme de Mendonça Penafiel, R$ 4.365,88 e R$ 609,467 mil
- Ricardo de Morais Monteiro, R$ 4.365,88 e R$ 590,014 mil
- Maria José Rios Peixoto da Silveira Lindoso, R$ 4.365,88 e R$ 580,941 mil
- Maria Ignes da Costa Duque Estrada Bastos, R$ 4.365,88 e R$ 571,652 mil
- Pery de Araujo Costa, R$ 4.365,88 e R$ 534,951 mil
- Sinval de Itacarambi Leão, R$ 4.335,00 e R$ 522,438 mil
- Félix Augusto de Athayde, R$ 4.365,88 e R$ 487,837 mil
- Maria Regina Pedrosa de Senna Figueiredo, R$ 3.231,00 e R$ 468,983 mil
- Orlando Maretti Sobrinho, R$ 4.365,88 e R$ 423,220 mil
- Ari Cândido Fernandes, R$ 4.365,88 e R$ 416,729 mil
- Amaro Alexandrino da Rocha, R$ 4.581,00 e R$ 404,843 mil
- Josail Gabriel de Sales, R$ 4.365,88 e R$ 378,349 mil
- Reynaldo Jardim Silveira, R$ 4.365,88 e R$ 373,043 mil
- Octávio Malta, R$ 4.365,88 e R$ 360,134
- Jorge Saldanha de Araujo, R$ 4.365,88 e R$ 325,564 mil

sábado, 5 de abril de 2008

Caravana da Anistia homenageia jornalistas mortos na ditadura

A memória dos jornalistas Davi Capistrano e Vladimir Herzog será lembrada no lançamento da Caravana da Anistia, amanhã (4), em cerimônia comemorativa aos 100 anos de fundação da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro.

A caravana integra o Projeto Educativo Anistia Política: educação para cidadania, democracia e os direitos humanos, uma iniciativa da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. A cerimônia na ABI contará com a presença do ministro da Justiça Tarso Genro.

O jornalista Davi Capistrano desapareceu em 1974 entre as cidades de Uruguaiana (RS) e São Paulo, depois de ter vivido clandestinamente no país por três anos, durante a ditadura militar. Vladimir Herzog morreu em 1975, depois de torturado no DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações/ Centro de Operações de Defesa Interna), em São Paulo, onde se apresentou para prestar esclarecimentos sobre suas ligações com o Partido Comunista Brasileiro.

Para o presidente da comissão, Paulo Abrão, será um momento histórico. "O lançamento da Caravana na Anistia na sede da ABI possui dupla importância: retomamos a apreciação de processos de jornalistas perseguidos pelo regime e pela primeira vez realizaremos uma sessão de julgamento fora de Brasília, na presença do ministro da Justiça".

Segundo informou o Ministério da Justiça, além das homenagens, será realizada às 14h00 uma sessão extraordinária de julgamento, para apreciar requerimentos de anistia de jornalistas que alegam ter sido perseguidos politicamente durante o período de repressão do Estado.

Serão julgados os pedidos de Joana D´Arc Bizzotto Lopes, George de Barros Cabral (declaração post mortem), Ziraldo Alves Pinto, Ari Candido Fernandes, Maria Regina Pedrosa de Senna Figueiredo, Orlando Maretti Sobrinho, Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe (Jaguar), Ricardo de Moraes Monteiro, Sinval de Itacarambi Leão, Maria José Rios Peixoto da Silveira Lindoso, Félix Augusto de Athayde, Amaro Alexandrino da Rocha, Pery de Araújo Cotta, Josail Gabriel de Sales, Reynaldo Jardim Silveira, Carlos Guilherme De Mendonça Penafiel , Octávio Malta (declaração post mortem), Nilson Nobre de Almeida, Jorge Saldanha de Araújo, Maria Ignes da Costa Duque Estrada Bastos.

Fonte: Agência Brasil

Álvaro Dias admite que foi fonte da Veja

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), em conversa exclusiva com Terra Magazine, reconhece que passou informações sobre o levantamento de gastos de Fernando Henrique Cardoso e sua esposa, Ruth Cardoso, à revista Veja. Mas questiona: "Qual é o ilícito?".

José Cruz/Agência Brasil

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que admite ter repassado informações sobre o dossiê à revista Veja

- por Raphael Prado (http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI2725336-EI6578,00.html)

Depois das pressões feitas em plenário na quarta-feira, 2, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) admite que foi uma das fontes de informação da revista Veja para a matéria que denunciou um levantamento do governo federal com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sua esposa, Ruth Cardoso. A atribuição do vazamento ao senador paranaense foi informada pelo Blog do Noblat.

Em conversa com Terra Magazine, Álvaro Dias sustenta que não há nenhum ilícito em "conversar com jornalistas". E que a revista tem outras fontes que não apenas ele:

- Se eventualmente contribuí com informações para que a matéria pudesse ser veiculada, altera a responsabilidade do governo na confecção do dossiê? É evidente que não. Isso exime o governo de responsabilidade? É óbvio que não.

Leia a entrevista do senador do PSDB:

O senhor admitiu que viu as informações antes de elas serem tornadas públicas. Em que circunstâncias isso aconteceu?
Álvaro Dias - Olha, o jornalismo investigativo tem prestado um grande serviço ao País, seria muito pior a degradação das instituições, não fosse a competência e a ousadia do nosso jornalismo de investigação. E isso se dá em razão de fontes. O jornalistas se utiliza de muitas fontes. Uma revista do porte da Veja, que só no escândalo do mensalão divulgou, se não me falha a memória, matérias de capa 17 vezes, não contou com apenas uma fonte. Certamente valeu-se de muitas fontes de informação. Eu tenho sido ouvido por muitos jornalistas, do Terra, de outros sites, de jornais, emissoras de TV e certamente outros parlamentares da mesma forma. Esse é o caminho para se produzir a informação.

O senhor então foi uma das fontes de informação desses jornalistas?
É evidente que é meu dever responder questões formuladas por jornalistas, e eu tenho feito. Obviamente, o que pretende o governo agora é tirar o foco, o governo não quer mostrar as suas contas. Mostra as do governo passado mas esconde as suas. E pretende exatamente desviar o foco do debate.

O senhor então foi fonte de informação do jornalista da Veja? Não a única, mas uma das?
(silêncio) Qual é a importância disso? Eu pergunto. Obviamente a Veja tem fontes no Palácio do Planalto... Qual é o ilícito em conversar com jornalistas, como eu estou conversando com você? Qual é o ilícito? Enfim, é surrealista essa história. Acho que o governo subestima a inteligência das pessoas, preparando uma estratégia como essa, tentando repassar responsabilidades. Se eventualmente contribuí com informações para que a matéria pudesse ser veiculada, altera a responsabilidade do governo na confecção do dossiê? É evidente que não. Isso exime o governo de responsabilidade? É óbvio que não. Então não há porque priorizar essa discussão, que a partir de ontem à tarde, priorizaram.

Certo. E se não há ilícito nenhum, também não há problema nenhum em admitir que o senhor foi uma das fontes, certo?
Uma das fontes é natural que eu tenha sido. Provavelmente alguma opinião minha pode ter tido alguma importância. Acho que estão superdimensionando a minha capacidade de obter informações.

Entendi. Mas o senhor obteve esse dossiê de que maneira? No Palácio do Planalto?
Eu não tenho o dossiê. Eu tenho informações sobre o dossiê. Como muitos possuem. Agora, quem mais tem informações sobre o dossiê é o presidente da República e a ministra Dilma (Rousseff, da Casa Civil). Ela mesma, em São Paulo, no dia 17 de fevereiro, declarou taxativamente: "não vamos apanhar quieto, estamos fazendo levantamento de dados do governo passado". Ela sim tem todas as informações e é a melhor fonte.

Terra Magazine

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Dia do Jornalista na TV Senado

Em homenagem ao Dia do Jornalista, comemorado em 7 de abril, a TV Senado reprisa dois documentários sobre o assunto.


Carlos Castello Branco: O Jornalista  (sábado 5/4, às 15h30 e domingo 6/4, às 2lh)

Mostra a vida e a obra de um dos maiores ícones do jornalismo político brasileiro.
Desvenda o homem que durante anos fez da Coluna do Castello, no Jornal do Brasil, a principal fonte de informação e análise da política do país. Traz depoimentos de algumas das principais figuras da política brasileira nos últimos anos: gente que conviveu com Castellinho ou foi notícia nas colunas do jornalista.

Direção: Chico Sant'Anna e Aluizio Oliveira.

Mídia, Poder e Sociedade  (domingo 6/4, às 15h30)

O programa busca esclarecer as relações entre três setores que ganharam novas formas e importâncias na virada do século 20 para o século 21. Gravado no decorrer de 2004, o documentário traz depoimentos de jornalistas como Mino Carta, Renata Lo Prete, Alberto Dines, Ziraldo, Franklin Martins, Sidney Basile e Cremilda Medina e sai em busca do que influencia a imprensa; de como são produzidas as notícias; de quem faz as manchetes, e dos interesses que se escondem por detrás delas.

Direção: Aluizio Oliveira.