sábado, 27 de setembro de 2008

O mundo pega fogo e (quase) ninguém fica sabendo

Por Amilton Leandro, Erik Lima, Nathalia Frensch, Raquel Bernardes e Marcelo Brandão.
___________
Deus sabe como eu gostaria de ter assistido a matéria do dia 15/09, no site do DFTV 2ª Edição sobre os incêndios causados pela forte seca no DF. Que Heráclito Fortes, o Jabba brasileiro, morra se não for verdade. Não foi disponibilizado nenhum vídeo na Internet. Infelizmente a “matéria” que achei foi só uma notinha pequenininha no site sobre um foco de incêndio – já controlado pelos bombeiros - em uma área próxima a Taguatinga. Foi uma nota tão pequena que se eu resumir para vocês vai sobrar só um punhado de letras, e se eu copiar aqui a Globo pode me acusar de plágio, e não quero mais processos na minha vida. Já basta um que estou respondendo por conta de uma confusão em um inferninho em Guadalajara. Mas isso não vem ao caso no momento. De qualquer forma, a cobertura deste dia foi tão superficial quando os pensamentos e preocupações de Paris Hilton. Em menos de quatro linhas completas, a notícia foi dada, sem qualquer aprofundamento. No dia 17, o DFTV dedicou-se um pouco mais ao assunto. Com mais informações, mas nenhuma grande cobertura. Satisfatório, apenas. A primeira edição do jornal deixou passar batido a pauta, ficando a cargo da segunda edição.

O jornal local da Record fez uma cobertura com um viés diferente. No dia 10/09 destacou aqueles prejudicados pelos incêndios dos quais nem ouvimos falar: os animais. Em determinado momento chegam a mostrar um tamanduá morto, queimado. Uma cena não muito agradável, diga-se de passagem. Só que à medida que a matéria vai se desenvolvendo, o lead vai pro saco, mudando misteriosamente. Deixa de ser os incêndios para se tornar unicamente os animais. Assim, começaram a falar dos atropelamentos a animais e as queimadas viraram história.

Nosso moderno sistema de monitoramento de rádios, que consiste em ficar mudando de uma estação para outra freneticamente até achar algo que preste, identificou apenas uma matéria que tratava do assunto. Foi no jornal Bandnews FM, em sua edição noturna. A galera do Saad deu uma matéria apenas, mas foi boa, completinha.

O Jornal de Brasília, famoso por ser infame, dedicou-se um pouco mais ao assunto. Praticamente todos os dias da semana compreendida entre os dias 15 e 19/09 trataram do assunto. Mas também não foi nenhuma cobertura digna de Prêmio Esso. Entrevistou alguns bombeiros e atribuiu o problema à falta de preparo dos fazendeiros, sobretudo. A característica especial ficou nas capas mais bem elaboradas que a própria matéria, com destaque para o dia 17, que publicou uma foto bem grande na frente, mas a matéria em si não ocupou nem meia página. Algo muito parecido com os programas que o SBT lança. Fazem um grande estardalhaço antes da estréia e quando você vê não é nada de mais.

O Correio Braziliense também não esqueceu o assunto. Não fez uma grande reportagem – o que ninguém fez, na verdade -, preferindo cobrir o assunto com doses homeopáticas ao longo da semana. Ainda assim algum destaque foi dado à dobradinha clima seco + irresponsabilidade = queimadas. Um jornalismo meio ambiental, meio público; um feijãozinho com arroz, que é meio obrigatório nesses casos. No dia 17, porém, o correio fez uma retrospectiva dos últimos 18 dias de seca e chamas. Cobertura positiva para o Correio, que um dia chegará ao nível da Folha e do Estadão. Podia ser melhor, mas está no caminho certo. Avante, filhos de Chateaubriant! Um dia acabaremos com a supremacia dos “mano”!

Nenhum comentário: