sexta-feira, 24 de abril de 2009

Sobreviventes


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Além de situações-limite

Com direção de Miriam Chnaiderman e Reinaldo Pinheiro, Sobreviventes é um documentário de impacto que chama a atenção nos casos mostrados. De um modo aparentemente conceitual, o trabalho seleciona e registra depoimentos de pessoas que passaram por situações-limite e sobreviveram a elas.

O espectador poderá conhecer experiências variadas e aos poucos, ampliar a proposta do documentário, da demonstração de um conceito sob um modo ilustrativo para algo mais indefinível, menos palpável e nem por isso reduzido ao abstrato.

"Todo homem tem um fracasso na vida"


“Sobreviver”, define o dicionário, é “continuar a viver, a ser, a existir, depois de outras pessoas ou de outras coisas”. Desta definição, o trabalho de Chnaiderman e Pinheiro se concentra, na condução das entrevistas e na edição, em dois termos-chave: “continuar” e “depois”.

A sucessão de histórias nos permite compreender que duas forças estão em jogo nas situações de sobrevivência, que para continuar a existir é preciso insistir depois de algo que bloqueia ou lança a vida na contramão.

Os testemunhos, no entanto, não se reduzem a ilustrações de casos de pós-quase-morte. O que vemos são os que fingiram de mortos para continuar a viver, os que foram dados como mortos, mas que de fato não haviam morrido, os condenados a morrer precocemente e que, porém, continuam aí compartilhando vida. E há também os que perderam tudo - casa, filhos, liberdade, o direito de circular e de existir, como os prisioneiros torturados por nossas ditaduras.

Com essa sobreposição de histórias e sentidos da sobrevida, “Sobreviventes” nos permite desligar aos poucos da mera contação de casos e alcançar algo mais significativo: aquilo a que agarramos com força quando a morte mostra sua cara.


Vale a pena assistir.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Solta o Verbo



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É brincadeira

É de se espantar. Ontem fui ao centro da cidade (Brasília) e acabei topando com um amigo de ensino fundamental. Com ele, havia um jornal do Correio Brasiliense. Perguntei-lhe se gostava de ler jornal e ele disse que sim, principalmente colunas e opinião. No entanto, ele ficou desapontado com uma certa coluna que saiu neste sábado.

Fiquei intrigado e decidi ver o que estava escrito. A coluna Conexão Diplomática sob o título "Tá faltando 'ele'".

No primeiro parágrafo, um susto: "À mesa da 5ª Cúpula das Américas, no próximo fim de semana, Raúl Castro vai estar tão presente quanto Jacob do Bandolim no samba dedicado a ele pelo filho, Sérgio Bittencourt, na voz de Nelson Gonçalves..." Aparentemente, o que a coluna quis dizer é que Raúl Castro não estará na Cúpula. Assim como Jacob do Bandolim não estava mais "naquela mesa" (tema de uma música composta por Sérgio Bittencourt - filho de Jacob e consagrada por Nelson Gonçalves).
Talvez alguem tenha esquecido, mas referências que ninguem entende não podem ser referências. Poupe as analogias e deixe-as aos que saibam usar.


O texto continua e não melhora. No entanto, o segundo parágrafo me chama atençaõ: "A movimentação das últimas semanas, a costura da declaração final e os acertos mais sutis de bastidores — tudo indica que soou o sinal e a cortina vai subir para o novo ato neste drama que se desenrola há 50 anos. O enredo se desenvolvia desde a campanha pela Casa Branca, quando Barack Obama inseriu “diplomacia” e “diálogo” na trama. A América Latina não deixou passar a “deixa” e decidiu chamar Cuba para o palco. Obama e Lula, que se encantaram e encantaram o público em duas aparições, voltam a contracenar, agora com elenco completo. Ou quase: Raúl, terceiro vértice do triângulo, estará “na boca de todos”, como disse em visita a Brasília o premiê anfitrião, Patrick Manning."

Desta vez, senhor Silvio "caiu do palco". Nunca vi tanta analogia e tanto trocadilho de baixo humor junto.


Para dar fim a maratona, o último parágrafo é o mais misterioso: "Pela maneira furtiva como vem sendo conduzida, de que foi exemplo a quase anônima passagem por Brasília do novo chanceler cubano, Bruno Rodríguez, a reintegração da ilha ao processo interamericano real lembra a brincadeira do “lenço atrás”. No jogo infantil, os participantes formam uma roda que um deles contorna, por fora e pelas costas dos demais, que cantam. O “de fora” leva na mão um lencinho e escolhe o momento para deixá-lo cair atrás de um dos outros, que ao percebê-lo correrá para alcançá-lo antes que tome o lugar aberto na roda. Deixar cair o lenço, pouca gente sabe, era o truque das moças de bem para flertar, no tempo do Brasil colonial e monárquico."

Neste momento fui atrás de livros de história e antropologia. Como se diz nas escolas de jornalismo, até em colunas e cadernos de opinião a regra de mostrar idéias claras e objetivas não devem ser descartadas. Mas às vezes a gente entende, que sair um pouco da rotina e estrapolar pode dar certo. Somente "às vezes"

Economia do Brasil está cambaleante

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Enquanto bancos comemoram, empresas fecham as portas

Talvez a mídia esteja confusa, principalmente em relação a economia. Vi em um jornal de horário nobre que os bancos estão registrando lucros já no 1º trimestre. Após afirmação de "vaca gorda" pela Wells Fargo, JP Morgan e Goldman Sachs, foi a vez do Citigroup registrar lucro. Foi registrado US$ 1,59 bilhão, correspondente aos três primeiros meses , contra prejuízo de US$ 5,11 bilhões do 4º trimestre de 2008. É o primeiro resultado positivo do Citi em 18 meses. Por incrível que pareça, o resultado é reflexo do corte de mais de 10 mil empregados contrapondo com o desempenho positivo em áreas como a de investimento.

Deu no blog da Miria Leitão "esses desempenhos não afastam a crise sistêmica porque lucro significa fluxo de caixa, ou seja, o quanto entrou e saiu de dinheiro em um período. Como os bancos pegaram muito dinheiro emprestado com o governo a juros baixos, ficou mais fácil tem bons resultados temporários."

No entanto, o erro que bancos cometeram outrora voltam a se repetir. O risco sobre os bancos ainda existe - já que ninguém sabe o tamanho do buraco que existe por causa dos devedores ativos e podres não declarados.

Mas nem tudo é flores, No G1, as empresas continuam a apresentar resultados ruins por conta de demanda baixa. A Sony Ericsson teve prejuízo neste trimestre de cerca de US$ 380 milhões com redução das vendas de 2,7 bilhões de euros do mesmo período do ano passado para 1,7 bilhão este ano. Por causa disso, a empresa anunciou que vai cortar mais 2 mil empregos.

Já a empresa japonesa Toshiba anunciou que vai cortar mais 3.900 postos de trabalho temporários no Japão até março de 2010. A empresa já havia anunciado o fim de 4.500 postos de trabalho provisórios com contratos a prazo nos últimos meses, basicamente no setor eletrônico, duramente afetado pela recessão internacional. A empresa poderá ter um prejuízo mais grave que o previsto, de 350 bilhões de ienes (US$ 3,5 bilhões) no ano fiscal que termina em 31 de abril.


Brasil
Aqui no País não é muito diferente. Enquanto o governo aposta em "maré boa", o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn prevê que o Brasil registrará neste ano um crescimento mínimo ou entrará em recessão. Uma previsão muito mais pessimista.

Segundo ele, "O Brasil provavelmente terá este ano uma taxa muito, muito baixa de crescimento, ou até negativa".
O FMI divulgará suas previsões oficiais de crescimento em nível mundial na próxima semana. Em janeiro, o fundo previu que a economia brasileira se expandiria 1,8% neste ano, mas, desde então, reduziu suas previsões de crescimento de forma generalizada.

São essas especulações que motivam os bancos e o consumidor, no entanto, o governo nos prepara para uma reviravolta histórica, coisa que os economistas descartam friamente.

Há um mês, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, estimou, que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceria 2% neste ano, apesar da crise.

É melhor dar tempo ao tempo.

+ Cultura

Primeira Via Sacra de Surdos de Brasília.

No próximo sábado (18), a Pastoral dos Surdos de Brasília e o grupo de teatro Quebrando o Gelo realizarão a 1ª Via-Sacra dos Surdos, que possui elenco composto com 60 atores deficientes auditivos. A apresentação contará ainda com intérpretes para que todos possam entender a linguagem de sinais. O evento começa às 16h, no Instituto Nossa Senhora de Fátima (914 Sul). A entrada é franca.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Tucanos compram Abril


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Não é de se admirar...

A irmandade entre os barões da mídia com o governo de oposição fica mais evidente. Deu no blog do Nassif e depois se arrastou em outros que o governo de São Paulo comprou 220 mil assinaturas anuais da revista Nova Escola, publicada pela Editora Abril. Teorias das mais mirabolantes se formaram entre a mídia inimiga e blogueiros de plantão.

Mas o que chamou a atenção - De fato - foi que a denúncia chegou ao Congresso Nacional num pronunciamento do deputado Ivan Valente (PSOL-SP). De nada adiantou.

Desde o ano passado, mais de 220 mil professores da rede pública estadual paulista passaram a receber em suas casas, sem ter solicitado, publicações periódicas do Grupo Abril. Não seria tão estranho profficionais da educação receberem do governo uma "bonificação pseudo-intelectual de educação" nas casas. Mas o que chama a atenção é que eles recebem também edições da querida revista de semi-ficção Veja. Entre os títulos entregues em domicílio, destacam-se as revistas Nova Escola e Recreio. A compra de centenas de milhares de assinaturas dessas publicações foi feita pela FDE - Fundação para o Desenvolvimento da Educação - da Secretaria de Educação estadual a pedido da Fundação Victor Civita - Ligada a Serra.

Aí é fácil entender - Serra simplesmente tirou o dinheiro dos paulistanos para salvar a quase falida editora Abril.

Segundo a denúncia, o contrato representa quase 25% da tiragem total desta revista e garantiu à empresa R$ 3,7 milhões. “Este, porém, não é o único compromisso existente entre a Secretaria de Educação e o Grupo Abril. Outro absurdo, que merece ação urgente, é a proposta curricular que reduz o número de aulas de história, geografia e artes do ensino médio e obriga a inclusão de aulas baseadas em edições encalhadas do Guia do Estudante, também da Abril. Cada vez mais, a editora ocupa espaço nas escolas de São Paulo, tendo até mesmo publicações adotadas como material didático. Isso totaliza, hoje, cerca de R$ 10 milhões de recursos públicos destinados a esta instituição privada, considerado apenas o segundo semestre de 2008”.


No ano passado, veio à tona uma astronômica compra de 415 mil exemplares do Guia do Estudante, além de uma outra revista de atualidades, com a chancela de Veja, voltada aos estudantes do Ensino Médio.

Como agravante destas trapaças tucanas, há o fato de que o governo estadual violou a privacidade de seus funcionários ao ceder informações pessoais, como endereço residencial, a um grupo empresarial privado. Vale lembrar que o Grupo Abril é tradicional financiador de candidaturas tucanas. Deve se ressaltar ainda que Serra será candidato a Presidência da República ano que vem.


Que venham as eleições.

terça-feira, 14 de abril de 2009

As mentiras que Maluf conta




Ele é o novo paradoxo brasileiro...
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Depois de uma medida inédita feita por promotores e procuradores da República - a de quebrar o sigilo bancário de um político brasileiro no exterior. O político é o ex-governador e ex-prefeito de São Paulo Paulo - Paulo Maluf e deu no no Jornal Nacional (GLOBO) que a Justiça da Suíça enviou ao Brasil documentos que apontam Maluf como beneficiário de contas milionárias e ilegais. No entanto, o assessor de Maluf declarou que ele não tem e nem nunca teve conta no exterior.

Então Maluf poderia dizer também que a conta do Citibank de Genébra não existe. Muito menos uma conta no Deutsh Bank na Alemanha. Aliás não existe Alemanha também. E as Ilhas Jersey são uma invenção de especuladores desfamiliarizados da imprensa inimiga. Aí ele poderia dizer também lá fora que não existe Minhocoçu. O Pão de Açúcar não é de pedra e a capital do Brasil é Buenos Aires.

Alguém se lembra dos filhos de Maluf, que assinam as contas no exterior. Mas para Maluf, ele não tem filhos, e que é uma simples coincidência de nomes... Oras, até eu que vos fala - Gustavo Oliveira de Souza, tenho mais de 15 pessoas com o mesmo nome que o meu aqui em Brasília. Mas qual a chance de ter mais um Paulo Maluf com conta na Suíça, Brasileiro e milionário por aqui?

O senhor Maluf tem uma grande importância jurídica, porque ele acabou com a idéia de provas. Nada prova nada. A sua negação é tão absurda que a gente acaba ficando na dúvida. Quer saber... eu estou até com dúvidas desta conversa, da minha existência. Duvido até se Paulo Maluf existe. Maluf não é Maluf. E nós não existimos, somos uma mentira.