terça-feira, 9 de junho de 2009

IESB promove demissão em massa (Lado B)




Um esclarecimento sobre o que aconteceu...
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A Direção Geral do Instituto de Educação Superior de Brasília (IESB) esteve nesta sexta-feira (5 de junho) em reunião com cerca de 30 alunos da Instituição. A conferência contou com a presença do diretor acadêmico e coordenadores dos cursos de Jornalismo e Publicidade além de representantes e líderes do movimento estudantil. O motivo da reunião foi o impasse que alunos tiveram após grande movimentação contra o IESB por e-mails e matérias em blogues.

Após a “coletiva” deu a entender que o IESB, além de está passando por uma reforma docente em prol da instituição, está sofrendo também de desgaste comunicacional (se esta palavra existir de fato, então estará valendo). No decorrer da conversa - aberta por sinal, pois Eda Coutinho não se cansou de confiar aos alunos de comunicação, suas histórias de vida - pode-se diagnosticar que a instituição sofre de falha administrativa, competência de qualidade e falha no respeito profissional.

Segundo Eda Coutinho, Diretora Geral, O motivo da demissão é de cunho legal. “Ou o IESB demitia esses professores porque eles não têm especialização ou o IESB não vai ser recredenciado como faculdade” explica. Em defesa contra os estudantes revoltosos, a Direção disse que a falta de certificados de pós-graduação e mestrado dos professores levou à demissão.

“O diploma de vocês é que está em jogo. Então o que vamos fazer? Nós vamos ser irresponsáveis como nós temos sido até agora? Na verdade nós temos sido. Porque acho que se tivéssemos sido mais criteriosos a pelo menos um ano. Quando eu falo em ‘nós’ não estou falando a professora Eda não. Estou falando dos coordenadores, professores e diretores. Nós devíamos de falar para os professores ‘vocês têm seis meses para fazer o curso, não fez? Nós vamos lhe tirar’. nunca tivemos coragem de fazer isso.”, comenta.

A Lei

De acordo com a legislação, a habilitação para o exercício do magistério superior deve ser obtida em programas de Mestrado ou Doutorado. Mas, havendo escassez de pessoal qualificado é admitida a docência, sem o título stricto sensu (artigo 52, inciso II, da LDB). Todavia, as instituições tendem a contratar mais Mestres e Doutores, porque a qualificação do corpo docente é fator importante na avaliação institucional, quando do credenciamento, ou renovação, além de que, até para lecionar na educação básica, é exigida licenciatura plena. O que ocorreu com o IESB.

A Direção, em defesa, aponta que sempre esteve presente nas reuniões semestrais com coordenadores e professores e garantindo que sempre se prostraram à discutir sobre a legitimação do diploma. “Desde que contratamos os professores, pois, há professores que foram contratados há nove anos. Há nove anos estão aqui no IESB. Eles não fizeram o curso. Nós não podíamos chegar no professor e forçá-lo a fazer o curso de pós-graduação. Isso pode provocar um processo por danos morais”, conclui Eda.

Nas reuniões feitas com professores, direção e coordenadores pautando as importâncias do semestre e bimestres, não se falava sobre o assunto de validação de certificados. “Não me ocorre dela ter citado algo do tipo em reuniões, nada sobre cursos ou sobre os certificados. Normalmente debatíamos sobre assuntos mais pontuais”, lembra Fernando Antônio de Alvarenga Grossi, “anistiado” do IESB.

Segundo entrevista com outros professores da instituição, nenhuma cobrança foi feita da parte da direção sobre os certificados. “Não foi cobrado de nenhum professor, em nenhum momento que fizessem curso de especialização ou que fosse necessário validar certificados” desmentem.

Mas o problema não é, somente, a falta de comunicação do IESB., mas também atos passados de alunos. Segundo a direção do IESB, um dos motivos pelo qual o Ministério da Educação (MEC) tenha estabelecido uma avaliação institucional foi porque o IESB recebeu uma pontuação baixa na avaliação discente de desempenho. O Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) avaliou o IESB e deu a pontuação 2, em uma escala de até 5 pontos.

Apesar do motivo maior desta nota baixa ser por causa dos alunos que, em 2005, promoveram um boicote (à curtas penas, sem nenhum ideal), o IESB garante que a nota cambaleante foi por causa da pontuação correspondente a avaliação do corpo docente (avaliada no mesmo programa).

Avaliação de Cursos

Ricardo Carioni, diretor adjunto do IESB, afirma que as notas ruins no Enade pioraram a nota final do Índice Geral de Cursos (IGC). “Nossos alunos tiveram uma performance insuficiente no Enade, e no índice de Desenvolvimento Discente também não foi satisfatório. Esses dados, somados com a avaliação de número de doutores na instituição diminuem a nota”, comenta.

De acordo com o Inep, o IGC de cada instituição inclui a qualidade de todos os seus cursos de graduação, mestrado e doutorado, distribuídos na totalidade de campi e municípios onde a instituição atua. Para chegar na nota, o cálculo levou em consideração a média dos Conceitos Preliminares de Curso (CPCs) da instituição – componente relativo à graduação e à nota do aluno no Enade – e o conceito fixado pela Capes para a pós-graduação.

A média dos conceitos dos cursos é ponderada pela distribuição dos alunos entre os diferentes níveis de ensino (graduação, mestrado e doutorado).Para estabelecer a nota do IGC, foram utilizados os CPCs referentes às edições do Enade no período de 2005 a 2007. Posto a isso, a Secretaria de Educação Superior (SESU) diz que o IGC não considera como pontuação maior a formação pós superior do corpo docente. “É um item que tem valor significativo para a avaliação final, mas na pontuação final, que vai de um a cinco pontos, este item corresponde a 0,75 ponto do total”, afirmam.

Diante disso, é fato que o IESB possui uma falta de procedência administrativa. Mesmo sendo válido o motivo das demissões, uma vez que, por lei, o IESB pode sim demitir os professores, porque então, o IESB não se comprometeu a criar um sistema mais rigoroso de seleção e contratação. Para alguns professores, a direção diz que as aulas práticas devem possuir professores de grande competência e vivência na área.

Um dos anistiados do corpo docente da instituição é a professora Fernanda Muylaert. Possui graduação em Jornalismo pelo IESB, em 2005. Foi durante dois anos apresentadora do Jornal Band News FM Salvador segunda edição, do Grupo Bandeirantes de Comunicação. Trabalhou também como editora, redatora e colunista de moda do noticiário local. Além disso, prestou serviços para empresas como a Radiobrás e a TV Senado e para o Ibama, exercendo as mais variadas funções. Sob toda esta capacidade, o IESB à demitiu.

Não seria mais viável que, antes de contratar um profissional tão preparado e disposto a lecionar, pois, não é qualquer jornalista que está disposto a isso, dever-se-ia observar se tem ou não o índice de magistério. Como diz no Decreto número 5773, no projeto pedagógico da instituição que quer ter o credenciamento ou o recredenciamento da Instituição de Ensino Superior, deve conter o perfil do docente, indicando requisitos de titulação, experiência no magistério superior e profissional não-acadêmico e o mais importante, os critérios de seleção e contratação.

Como o IESB sabia que deveria se recadastrar, de acordo com a Lei, devia então ter sido mais criteriosa em contratar professores. Há cinco anos o IESB sabia disso, mas alega que este ano as “leis mudaram”. Não mudaram nada, pois, só ficaram mais rigorosas. Mas, como o próprio IESB disse, na reunião, “não estamos zelando pela qualidade”.

Resta entender porque o IESB realmente não incentivou os professores, como qualquer Instituição privada. Porque a instituição não foi mais rigorosa ou não deu o suposto curso de pós-graduação em magistério antes da contratação. Em muitas instituições no país as empresas criam cursos de capacitação. Infelizmente o IESB deixou escapar, sem pernear, essa atitude.

Os alunos do IESB não querem destruir ou manchar a imagem da Instituição, mas querem que esta imagem seja a mais limpa e transparente possível. Que a comunicação interna comece a ser plausível e que a direção comece a tratar os alunos e os professores como parte da instituição, e não como mercadorias avulsas e baratas.

2 comentários:

Lauro Rocha disse...

Gustavo,

Não houve nenhuma coletiva na sexta. Foram apenas os alunos que se reuniram para debater o problema e decidir quais atitudes o movimento deve tomar. E não foram 30 alunos, foram 187.

(...)

A "coletiva" foi na quinta. Estavam presentes cerca de 80 alunos.

(...)

Sobre a legislação, o professor de faculdade precisa ter uma especialização. Não pode ter só bacharelado.

(...)

Qualquer coisa é só falar =)

ST!

Gustavo Souza disse...

Boa noite Lauro. Primeiramente, obrigado por acessar o blog Em Pauta.
Eu olhei seu comentário somente agora, e... devo discordar com você...

Primeiro, procure o significado de "coletiva", pois, é o mesmo que reunião e, alguns alunos, na reunião estavam gravando o que a Eda e toda a direção comentaram sobre o assunto. Lembrando que, ela, a Eda fez a reunião para esclarecer perguntas ainda não esclarecidas... isso continua sendo uma coletiva....

Segundo, eu não estabeleci que eram apenas 30 alunos.... e sim... mais de trinta...

Terceiro, em nenhum momento eu disse que o professor "pode ter" somente o grau de bacharel, contudo, se você procurar no decreto de legislação à Instituições de Ensino Superior, pelo SESU, que foi onde eu busquei a informação, os professores podem praticar a docência, mas precisam fazer, em alguma hora, pós-graduação....
E... especialização todos os professores tem... se não a Eda não contrataria....

Todas as informações estão certas, pois, o diretor Carioni viu todo o texto antes de ser publicado...

Mas toda crítica é válida...

obrigado