Depois da nomeação da sobrinha, e do caso da fundação inesistente, Sarney não opina sobre atual ilícito feito pelo filho.
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Após reportagem publicada pelo jornal "O Estado de São Paulo" nesta quarta, revelando a prática de nepotismo da família Sarney no Senado, o advogado de Fernando Sarney - Filho de José Sarney (PMDB - AP) - Eduardo Ferrão condenou como "conduta criminosa" o vazamento de informações do inquérito da operação Boi Barrica à mídia. As ações da PF estão tramitando sob segredo de justiça.
Ontem (22 de julho), o Jornal Nacional (GLOBO) mostrou pedaços da conversa de Fernando com a filha, Maria Beatriz Sarney, dizendo que mandou Agaciel Maia, ex-diretor-geral do Senado, reservar uma vaga para o namorado de Maria, Henrique Dias Bernardes. Em conversa com o filho, alvo da investigação, Sarney caiu na interceptação. Segundo a gravação, o senador se comprometeria a falar com Agaciel para estabelecer a nomeação. O namorado da neta foi nomeado oito dias depois, por ato secreto, segundo a publicação.
Em defesa, Eduardo Ferrão diz que as gravações reveladas pela mídia são informações "mutiladas" de trechos de longas conversas telefônicas mantidas entre familiares, as quais não revelam a prática de qualquer ato ilícito. "O Inquérito, do qual foram retirados os diálogos divulgados pela imprensa, tramita sob segredo de justiça por força de lei, cuja inobservância, esta sim, constitui conduta criminosa", defende Ferrão.
Boi Barrica
A operação que investiga Fernando Sarney tem base nas denúncias feitas no último dia 15 pela PF do Maranhão. O filho de Sarney foi acusado pelos crimes de formação de quadrilha, instituição financeira irregular, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. O empresário é apontado ainda, nas investigações, como chefe de um grupo acusado de ter forte influência política e, com isso, conseguir direcionar licitações e também desviar dinheiro. Em depoimento, ele negou todas as acusações, é claro.
Consequências
Ainda nesta quarta, o senador Critovam Buarque (PDT-DF) disse que vai pedir uma convocação de emergência do Conselho de Ética do Senado para analisar as novas denúncias contra o presidente da casa Sarney Pai.
Foi revelado também, que nesta quarta, o Ministério Público Federal no DF pediu a quebra de sigilo bancário de Maia e o ex-diretor de Recursos Humanos do Senado João Carlos Zoghbi, envolvidos com a publicação dos atos secretos.
Integrante do grupo de parlamentares que defende a saída do PMDBista do comando do Senado, Cristovam Buarque disse que vai falar com o senador Pedro Simon (PMDB-RS) para formalizar, hoje, o pedido de reunião de emergência ao presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ).
Cristovam faz parte de uma seleta comissão de oito senadores - aqueles poucos que ainda se salvam - que permanecem em regime de plantão durante o recesso do legislativo. A reunião de urgência convocada do Conselho de Ética não está prevista no Regimento da Casa - para variar.
O senador afirmou ainda que esta nova evidência de abuso de poder de Sarney estaria deixando "mais próxima" a possibilidade de abertura de um processo de cassação contra o presidente da Casa. Para Cristovam, a idéia de que o recesso abrandaria a pressão sobre o presidente do Senado caiu por água abaixo. "Deixamos uma casa pegando fogo, e esse fogo só aumenta", avalia.
Apesar da obrigação do presidente do conselho, Paulo Duque, de fazer a abertura de investigação sobre o caso, provavelmente nada será feito. Em nenhum lugar do mundo o acusado de algo é também o juiz que sentenciará. É errôneo, mas acontece. O Conselho de Ética é composto de 15 membros. Na composição atual, a base do governo tem dez cadeiras. A oposição conta somente com cinco. Mesmo assim isso não impede de Sarney chafurdar nas merdas do Senado.
Sarney
E já é difícil a situação de José Sarney no comando do Senado agora, com a divulgação do áudio de conversas familiares onde o assunto era a nomeação do namorado da neta dele para um cargo de confiança na presidência do Senado - feito por um ato secreto - não é o "fim da picada", pois o fim já se passou. Agora é a "morte da abelha"... [risos]
Antes do recesso parlamentar, Sarney vinha evitando presidir as sessões do Senado para não ouvir de colegas, o afastamento do cargo - como fez Pedro Simon - que "pediu pra sair". Para alguns senadores, o noticiário indica que o constrangimento vai persistir e que outros devem repetir Simon - mas Sarney não. Sarney é mais forte que a própria Lei.
Antes, defendido por Lula - que admitiu que está pagando um preço alto por isso - Sarney ainda possui muitos cachorrinhos no PMDB, que não esquecem a conta que é feita pelo senador Romero Jucá indicando que ele tem o apoio de 45 senadores da BASE.
Como dizem as boas línguas, "este é um país de proporções geométricas". Sim. Um país com problemas angulares, discutido em mesas redondas e administrados por bestas quadradas. Mas desde antigamente - vide Senadores Biônicos - as administrações públicas eram manejadas com competência. Pois, eles foram tão competentes em sumir com a Ética, que até hoje estão procurando por ela.
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